SMED – Porque todo processo tem a possibilidade de ser otimizado
Para começar a falar sobre SMED, vale a seguinte reflexão, “Temos ciência de todas etapas de nossas atividades para garantir que temos utilizado a maior parte do nosso tempo em atividades que agregam valor ao nosso cliente?”. Você pode estar pensando, o porquê começar com esta reflexão? É claro que ao executar nossas atividades diariamente, o hábito nos torna muito eficientes em seguir determinada rotina, porém vale refletir se os processos que são seguidos, as ferramentas que utilizamos e até o conhecimento que temos, são os melhores possíveis visando a agregação de valor. A análise SMED foi desenvolvida por Shigeo Shingo entre 1975 e 1985 e tem como objetivo reduzir o tempo de execução de atividades que não agregam valor, porém aqui fica a pergunta, como identificar estas atividades e encontrar pontos possíveis de redução?
Um projeto de melhoria buscando a redução do tempo em atividades que não agregam valor, pode partir de vários tipos de ferramentas (VSM, SIPOC, SMED …) ou até da combinação delas, mas o fator mais importante aqui é identificar em quais pontos podemos aplicar mudanças de processo ou incremento de tecnologia (estado da arte do momento) para que ocorra a redução do tempo. Pensando sobre qual tema abordar neste artigo, assistindo ao filme Ford vs Ferrari algo me chamou a atenção. Em certo momento do filme, em um dos pit stops um dos atores do filme nota a diferença de velocidade com que as peças dos carros de corrida eram trocadas pelas equipes da Ferrari e da Ford. Vendo isso, prontamente recordei da análise SMED, a propósito, você sabe como ela surgiu?
A sigla SMED significa single minute exchange of dies, é um método desenvolvido com o objetivo de reduzir o tempo operacional de setup simplificando o processo, a ponto do tempo de execução ser descrito em um único dígito. A produtividade de uma máquina pode ser afetada ou beneficiada consideravelmente dependendo do seu tempo de setup (operações realizadas em uma máquina ou processo para o início de uma operação), portanto entender como é o processo de setup e os tipos existentes é fundamental para a aplicação desta metodologia. Podemos dividir o setup em dois tipos, interno e externo, vamos descrever o que isso significa na figura 1.
Figura 1 – Setup Interno x Setup Externo
Fonte – Criação própria
A quantidade de setups em seu processo é relacionada as diferentes atividades que você executa, pois para cada atividade é necessário um setup diferente. Sabendo disso é fundamental que se conheça as atividades que serão executadas em um dia por exemplo, para que seja possível reduzir ao máximo o número de setups que serão realizados. Tão eficiente quanto reduzir o tempo de setup é reduzir a quantidade de setups realizados!
Para aplicar o SMED existem 6 etapas:
- Conhecer as atividades do setup atual: Mesmo a atividade atual não tendo um procedimento mapeado registre toda a operação para que você possa estuda-la. Filmar a atividade é uma excelente forma de conhecer a movimentação e ações realizadas no setup.
- Analisar as atividades do setup atual: Com a gravação em mãos elabore uma lista com as atividades executadas com o equipamento parado (setup interno) e outra com o equipamento em movimento (setup externo). Com isso você poderá entender onde efetuar as mudanças.
- Otimizar as etapas de setup interno e externo: Com as atividades listadas, analise quais podem ser eliminadas e quais podem ser simplificadas. Como o setup externo é menos prejudicial ao tempo de execução, caso não seja possível eliminar a atividade, se possível a transforme em setup externo.
- Testar e analisar o setup otimizado: Após otimizar as atividades realize testes para validar a melhoria e realize ajustes quando forem necessários.
- Formalizar a mudança para toda equipe: Com o novo processo funcionando da maneira como foi planejado reduzindo o tempo de setup, estruture um fluxograma informando cada etapa de execução, formalize com todos do time o procedimento padrão da atividade e treine os executantes.
- Gerar um histórico de desempenho: Embora na etapa 5 você já tenha obtido o resultado da melhoria é benéfico que você estabeleça métricas para medir o desempenho de todos, pois para estruturar a melhoria realizada, utilizou-se os recursos que estavam disponíveis no momento e é possível que no futuro, novas ferramentas ou um conhecimento melhor do processo te permita aprimorá-lo ainda mais.
É valido lembrar que o SMED pode ser aplicado tanto no quesito humano quanto no quesito máquina. Atividades podem ser aprimoradas treinando os profissionais com novas técnicas e procedimentos, mas também podem ser melhoradas sob o uso de novas tecnologias, ao realizar testes das mudanças efetuadas para validação da melhoria é recomendado que sejam analisadas por um período considerável de tempo para que o estudo não caia no efeito Hawthorne, onde a melhoria não ocorre devido as mudanças realizadas e sim devido ao time ter a consciência de que suas atividades estão sendo medidas.